top of page

CBD? Baixa? Qual Baixa? A Geografia A está em Alta!

Atualizado: 1 de jun. de 2021

Torna-se cada vez mais óbvio que o Programa de Geografia A (que data de 2001) necessita de ser revisto e reinterpretado.


Há conceitos que já eram obsoletos e incompreensíveis quando o Programa foi apresentado e que causam perplexidade por continuarem listados nas Aprendizagens Essenciais (que são de 2018): o CBD / a Baixa e o programa POLIS, por exemplo.


O primeiro conceito (Central Business District) não tem qualquer sentido aplicado a Portugal, pois é um termo Anglo-Saxónico que faz sentido associar ao desenvolvimento urbano de países mais recentes do que nós, como os EUA, o Canadá ou a Austrália.



Mesmo o termo Baixa, já não tem a força de outros tempos em Lisboa, onde todo o poder dos ministérios, da banca, da justiça (Supremo Tribunal de Justiça) e municipal (Câmara Municipal de Lisboa) estava à distância de uns quantos quarteirões vizinhos, e que tem uma área geográfica bem delimitada (Baixa Pombalina).


No caso da cidade do Porto, a Baixa tem uma utilização ainda mais obsoleta: o termo fazia sentido quando os negócios da cidade gravitavam à volta da Ribeira, com o Porto do Porto (localizado nas duas margens do Douro), as casas de importação e exportação, os despachantes, os consulados, a Alfândega (com o ramal ferroviário), a Associação Comercial, o Instituto do Vinho do Porto, a Feitoria Inglesa ou as caves de Vinho do Porto (mesmo em frente, em Vila Nova de Gaia).


O "esvaziamento" da importância estratégica da Ribeira coincidiu com a abertura da Av. dos Aliados, onde marcavam presença a generalidade dos grandes bancos que operavam na cidade (da Caixa Geral de Depósitos ao Banco Inglês, do Espírito Santo ao Montepio Geral), da Estação Central dos CTT, sem esquecer os Paços do Concelho (Câmara Municipal do Porto), tudo em meados do século XX, a várias dezenas de metros acima do nível do rio, pelo que de Baixa já nada tinha. Era, sim, o novo Centro!


Em simultâneo, o Porto do Porto transitou, gradualmente, para Leixões (Matosinhos), que implicou o encerramento ou a deslocalização de empresas e serviços (Alfândega, Ramal da Alfândega-Campanhã, armazéns...).


Deixou-se cair (e bem) o PROSIURB nas Aprendizagens Essenciais, que era referido no Programa, que também deveria ter removido o programa POLIS, pois já terminou. Por outro lado, não se fala nas ARU (Áreas de Reabilitação Urbana), mas apenas em Reabilitação Urbana.


Estes são apenas alguns exemplos do labirinto que o Professor de Geografia tem de percorrer na Geografia A, sempre sem esquecer de consultar informação geograficamente pertinente/atual e articular com o Perfil dos Alunos à Saída do Ensino Obrigatório.


Fica a sugestão! Venham lá esses comentários!


MIGUEL COELHO

 
 
 

Comments


bottom of page